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Bursite tem cura?

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A bursite é a inflamação da bursa. Mas o que é a bursa? As bursas são pequenas "bolsas" contendo líquido que podem ser encontradas em várias articulações do corpo. Na verdade, as principais articulações não tem somente uma, mas sim várias bursas. A função dessas bursas é a de cobrir saliências ósseas para permitir que tendões, ligamentos, músculos e até a pele deslizem sobre elas. Na ausência das bursas, os tendões, os ligamentos, os músculos e a pele teriam um contato anormal com os ossos e o atrito poderia provocar não só a inflamação, mas também a ruptura dessas estruturas.
No corpo humano, há mais de 140 bursas. As bursas são formadas basicamente de uma membrana sinovial (as paredes da bolsa) e de líquido sinovial (o fluido que fica dentro da bolsa, que é muito parecido com a clara do ovo). Existem basicamente três tipos de bursa:
- Bursa superficial: essa fica logo abaixo da pele, protegendo a pele do atrito com proeminências ósseas. Exemplos de bursa superficial são a bursa pré-patelar (na frente do joelho) e a bursa olecraniana (no cotovelo).
- Bursa sinovial: tipo mais profundo. Evita o atrito entre ossos e tendões, ligamentos e músculos.
- Bursa acidental (adquirida ou adventícia): Essa surge após irritação de determinada parte do corpo (por atritos frequentes).
A bursa saudável é bem fina. Uma bursa saudável no ombro, por exemplo, tem espessura aproximada de 1mm, enquanto uma bursa saudável no joelho tem espessura de cerca de 3mm. No entanto, quando a bursa fica inflamada, ela dilata e fica mais evidente. A inflamação da bursa, a chamada bursite, pode ser causada por trauma, uso excessivo, doenças reumatológicas e até por infecções. Quando uma bursite é infecciosa, ela é dita bursite séptica. A bursite inflamatória é mais comum e geralmente tem bons resultados com tratamento não cirúrgico. Já a bursite séptica é de tratamento mais agressivo e a intervenção cirúrgica associada ao uso de antibióticos costuma ser a regra.
Os locais mais comuns de ocorrência de bursite são: ombro, quadril, joelho e cotovelo, mas também pode ocorrer no pé. A inflamação da bursa nesses locais promove dor e edema (inchaço) que pode ou não ser notado. Quando há associação com vermelhidão, calor local e dor intensa, pulsátil e constante, a infecção da bursa é o diagnóstico mais provável e o paciente precisa ser examinado pelo médico de forma mais célere, para que o tratamento adequado seja instituído.
Como já mencionado, no caso de bursite inflamatória, o tipo mais comum, o tratamento habitualmente envolve medidas conservadoras. Após avaliação minuciosa, o médico poderá recomendar antiinflamatórios, gelo local, alongamentos/exercícios para o segmento acometido e o seguimento com fisioterapeuta, para reabilitação adequada. O tratamento, então, envolve uma fase inicial de medidas para redução da inflamação local, seguido por uma fase de alongamentos e preparo do segmentos que dá a vez ao fortalecimento muscular para reforço e prevenção da recidiva do quadro inflamatório.
Quando as medidas iniciais não surtem efeito, o especialista poderá recorrer a infiltração articular. Em último caso, a bursectomia, que é a remoção da bursa, pode ser necessário para controlar os sintomas. Então, SIM, a bursite tem cura. Sendo um quadro inflamatório, ele pode ser bem controlado. No entanto, é possível que haja a recidiva da bursite e da dor. Por isso que a participação ativa do paciente é fundamental. Não basta tomar medicamentos, porque esses podem ter efeito por curto prazo e o uso a longo prazo não é recomendado, para se evitar complicações. O papel do paciente é fundamental, porque são os exercícios os principais responsáveis por devolver a saúde a uma articulação e por prevenir o retorno do processo inflamatório.