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Doença de Freiberg

Doença de Freiberg
A doença de Freiberg é caracterizada pela necrose (morte de um tecido) avascular (ausência de fluxo sanguíneo) da cabeça de um osso metatarsal. Geralmente, a necrose pode ocorrer nas cabeças (epífises distais) do 2º ao 5º metatarsos. No entanto, em cerca de 2/3 dos casos a necrose acomete a cabeça do 2º metatarso e, em aproximadamente 27% dos casos, a cabeça do 3º metatarso.
Figura 1. Imagem ilustrativa dos ossos do pé. Os metatarsos estão destacados na cor amarela e numerados na sequência correta.
A doença de Freiberg é mais comumente observada em pessoas do sexo feminino (proporção de 5 mulheres : 1 homem), na segunda e na terceira décadas de vida. Assim, meninas adolescentes representam a população que mais comumente é acometida pela necrose avascular de metatarsos. Um fator de risco provável é o tamanho do 2º metatarso em relação ao 1º metatarso. Quando o 2º é mais longo que o primeiro, há um risco aumentado.
As pessoas acometidas podem se queixar de dor no local da necrose, principalmente com suporte de carga, exercícios de impacto e ao usar calçados de salto alto (porque promovem elevação do calcâneo e transferência de carga da parte posterior para a anterior do pé).
Figura 2. Local mais comum de ocorrência da dor na Doença de Freiberg.
A confirmação geralmente se dá pela ocorrência de dor em localização típica, em pessoas de risco. É comum haver história de trauma, mas muitas pessoas com a doença não conseguem se recordar de um evento traumático específico. Além de dados da história e do exame físico, o médico ortopedista solicitar exames para complementar a avaliação. O primeiro exame solicitado (e geralmente único necessário) costuma ser a radiografia do pé. Com a radiografia, é possível observar desde uma linha radioluscente na cabeça do metatarso, passando por esclerose adjacente até o colapso e achatamento da cabeça do metatarso. Esses achados permitem determinar a gravidade da condição, usando como base a classificação de Smillie (veja abaixo).
Figura 3. Classificação de Smillie. O estágio 1 é o mais leve e o estágio 5, o mais grave. As alterações vão desde imagem radioluscente na cabeça do metatarso até colapso, achatamento e artrose da articulação entre o metatarso e a falange.
Figura 4. Radiografia simpels do pé (vista de frente - AP). É observada a necrose de parte da cabeça do metatarso, com achatamento (perda da esfericidade habitual da cabeça) e alterações degenerativas articulares, o que representa o estágio 5 da classificação de Smillie.
O tratamento conservador com órteses (palmilhas com barras metatarsais), calçado de solado firme, restrição a carga e ao impacto, analgesia e fisioterapia costumam mostrar bons resultados nos estágio de I a III. Nos estágios mais avançados, é comum a persistência da dor após o tratamento conservador. Assim, fica indicada a intervenção cirúrgica, que pode ser: desbridamento articular, descompressão, enxertia e osteotomias (extra ou intra-articulares). O tratamento cirúrgico, quando bem indicado e realizado, costuma dar bons resultados. A exceção é a artroplastia com colocação de implantes, que até o momento não demonstrou bons resultados.
Lembre-se: dicas de saúde como esta não substituem a avaliação presencial por um médico ortopedista.